UM PRIMEIRO MUNDO DE BANANAS

A goleada da Seleção Brasileira de Futebol contra a Tunísia, no último amistoso antes da Copa do Mundo do Qatar, mostrou muito mais do que futebol. Mostrou o quão medíocre, imaturo e atrasado é o ser humano. E não adianta viver em um país dito de primeiro mundo; não adianta estudar nas melhores escolas do planeta; ter os melhores exemplos entre seus antepassados; grandes museus e bibliotecas; se há exemplos do que temos de pior na humanidade. A indignação deste texto deve-se ao fato de que atiraram bananas no campo, em direção aos jogadores negros da Seleção Canarinho. Enquanto o mundo chora de fome, pseudopessoas jogam comida fora para demonstrar sua ira, sua incapacidade de conviver em sociedade e seu desrespeito pelo próximo. É óbvio que a atitude do torcedor francês - já que o jogo foi na França - não reflete toda a sociedade iluminada daquele país. Mostra, no entanto, que mesmo em lugares evoluídos, com história de luta por liberdade, igualdade e fraternidade, há espaço para a ignorância e, por consequência, o racismo. Haverá quem diga que é uma brincadeira; há, também, quem ainda discuta a veracidade do holocausto. Não há como aceitar calado. Defendo de forma veemente a plena liberdade de opinião, mas isso não é expressar um pensamento, é cometer um crime. É atentar contra a dignidade, a moral e a condição humana de outro ser. O calor da torcida, que faz exagerar nos xingamentos contra jogadores e juízes, é uma coisa. Deixar o racismo vencer a sobriedade é demonstrar o que há de pior no interior do ser humano. Pessoa que joga bananas para outras pessoas, como forma de atitude racista, deve receber abacaxi ou pepino; mas não no gramado...

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