Jornalista

Eis que vem um juiz maluco e diz que meu diploma de jornalista não tem valor. Diga ele o que quiser. Sei o que aprendi na universidade e também na vida. Sou um guri ainda, pelo menos tento me enganar disso, mas já tenho quase 14 anos de profissão. É muito tempo de contato com as mais diferentes pessoas; são histórias diversas, umas engraçadas, outras seríssimas, umas bem tristes, e tantas trágicas. Aprendi que cada um tem sua razão, que todos queremos mais, e que as respostas vêm com a vida, que deve ser vivida ao máximo.
O motivo dessa ladainha é para citar minhas reminiscências. Recebi, há pouco no Orkut, uma mensagem da amiga Rosi, que fez lembrar de um monte de gente, e do quão importante é esse diploma desdenhado pelo juiz. Segue a mensagem, que me dou o direito de publicar: "Tu ta grandao!! Qem diria aqele menino q fazia jornal na escola datilografando o q acontecia nela, mimeografando e depois vender nas turmas.Agora esse jornalista q es!! Tenho orgulho d ter acompanhado tudo isto,pq mostra a garra q tu tem e por nao só amar o q faz,mas por ter lutado por aqilo q tu sonhava em ser. Es um exemplo para muitas pssoas e jovens!! T adorooooo!Bjus".
Já me basta. O juiz pode dizer quantas vezes quiser que o meu diploma não é necessário. Ele é uma conquista minha. É o exemplo material do conhecimento adquirido, que ninguém - a não ser a morte - me tira. Quanto ao que Rosi citou, isso me fez lembrar de tanta gente que torceu para esse diploma virar realidade:
- João Guarda: Bonachão, guarda aposentado, morava numa casinha pequenina, onde criou uma carreira de filhos e até netos. Pastoreava seu cavalo à beira da rua por onde eu passava. Não raras vezes perguntou como estava a carreira de jornaleiro (para ele jornaleiro é o cara que também escreve no jornal). Daí respondia que estava indo. E ele me abençoava, como um dos vôs, que não tinha mais. "Continue assim! Deus te ajude e abençõe!";
- Dona Júlia e Seu Antônio: Na janela de sua casa, na decida, antes da minha, ela acompanhava o passar de todos e para todos tinha boas palavras. "Vai com Deus, meu filho!", dizia ao me ver passar. No meu aniversário, mesmo que não recebesse um convite para a festa, me atacava e entregava um pacote com docinhos, daqueles tradicionais de Natal;
- Dona Eva: "Esse é o nosso jornalista", falava a mulher que posso chamar de uma das minhas mães. Quantas vezes me cuidou, me medicou para meus pais trabalharem com tranquilidade, e me deu orientações! Seu marido, o Seu Auri, da mesma forma. Com poucas palavras dizia tudo o que queria. E o trabalho, que ele tanto me desejou, impediu que fosse dar-lhe o último adeus;
- Beto e Selma: Ele é meu padrinho de crisma. Ambos muito importantes. Ela outra das minhas mães. Cuidam de toda a família. Se preocupam, acompanham, torcem. Quando estive na capital, em 1996, fizeram de tudo, mesmo contrariando seus ideias, para que eu retornasse à terrinha e ficasse perto da família;
- Seu Juvenal, dona Seni e família: Muitas noites acordamos eles para uma ida ao hospital salvar o jornalista que estava sendo vencido pela asma;
- A família de Rosi: Fui colega de um primo da Rosi, que na época chamávamos de Jefinho (éramos os menores da sala). A partir dali nos tornamos amigos e acabei me aproximando de todos. Hoje ele está com filho e tudo mais;
- Paulo Mulinari: Conheci como vereador e diretor de escola. Era ele que me permitia utilizar o mimiógrafo (citado na mensagem de Rosi). Eu comprava as folhas e ele passava para mim. Um torcedor do Marcio Souza, que comemora cada vitória, e que me trata como um de seus filhos, também meus irmãos: Juliana, Giovana e Jerônimo;
- Namir Jantsch: Advogado, ex-prefeito, foi um dos primeiros a dar atenção quando criei o jornalzinho em casa. Me indicou o Mulinari e apoiou sempre. Por intermédio dos dois retornei para Taquari, em 1997, tendo condições de cursar a universidade (Unisinos) perto da família;
- Meus colegas da Ejora: Todos foram fundamentais. O que sei de prática aprendi com eles. No meu primeiro dia o diretor, Valdir Fritz, disse: "Segue o Valmor (Valmor Pereira) e faz tudo o que ele fazer". Fiz. Fui chato, mas sou grato. Obrigado! Vanusa, sua esposa, também. Trocávamos incentivo, pois ela cursava Letras. Mais uma formada e, ela, com diploma válido. O Everton Pacheco é outro da época. Grande amigo, um batalhador! (Bira, Claudeco, Sidnei, Luiz Fernando, Elizandro, Beto, Maria Neci, Moacir Teixeira dos Santos, também faziam parte da equipe);
- Claudio Martins: Pouco antes de sair da EJORA comuniquei ao prefeito: "Tenho a possibilidade de sair da EJORA, conseguimos organizar o que foi possível. Gostaria de saber a tua opinião". Ele falou: "Segue o teu caminho. Isso aqui é pouco pra ti. Tu tem visão e capacidade. Tudo de bom e se precisar do amigo pode contar".
- Lógico: minha família; minha mãe, que nunca mediu esforços - parece que a vejo indo para a formatura, com a boca lá na orelha, louca para gritar a todos no teatro Padre Werner, que aquele, o baixinho cabeçudo, é seu filho; minha irmã, mais que uma irmã, uma amiga; meu pai, que muitas vezes não tem coragem de dizer tudo o que deseja, mas que demonstra no olhar.
- Neto e família: Ninguém acreditava, quando cheguei em Lajeado, quando dizia que torcia para o São Caetano. Na verdade, mais do que pelo azulão, torcia pelo meu amigo Lica, que virou Neto Gaúcho. Sou colorado, mas por causa dele já vesti a camiseta do São Caetano, em pleno Beira-Rio, e torci um monte pelo time paulista. Agora torço pelo Defensor, do Uruguai, desde criancinha. Ele está por lá. Ele me considera seu irmão e eu da mesma forma. Outro guerreiro, que me orgulho de chamar de amigo.

Esse post não foi colocado para ficar me gabando. Na verdade só quis mostrar que o pouco que já conquistei é fruto do muito que torcem por mim; que sou um batalhador, um brasileiro, que como todo brasileiro, não desiste nunca. Sobre o diploma e o juiz... ah, que se exploda o juiz. Sou muito mais das pessoas que torcem por mim e por quem torço.

Comentários

Carol disse…
Oi Márcio!
Parabéns pela atitude. Muitas vezes esquecemos de agradecer as pessoas que foram importantes em nossas conquistas.
Abraço,
Carol
Unknown disse…
como mãe de jornalista eu sei o quanto é dificil cursar uma universidade, e como é longo até chegar ao tão esperado diploma.
Mas tudo o que foi conseguido com muito esforço, nenhum juiz idiota poderá tirar.
Parabéns!!Adorei o teu blog.