O homem que chora

Uma semana complicada. As mais difíceis provações, os mais complicados desafios, as pessoas com os nervos à flor da pele, tudo acumulado com a tensão cotidiana. É o trânsito que não anda; é o trânsito que anda demais e quer passar sobre você; é o mercado que não responde como poderia; é você que não está sabendo entender o que o mercado está gritando; são as contas que chegam; são as contas que são pagas; é a sua conta que sofre; é o mundo que não lhe entende; é você que não consegue se fazer entender pelo mundo; são os aparelhos da tecnologia que funcionam quando querem; é você que não nasceu na época da facilidade de entendimento dos tais aparelhos da tecnologia; no meio desta loucura toda existem aquelas pessoas que você adora - umas que chamamos de família, outras que temos orgulho de chamarmos de amigos - só que a maior parte delas está longe, porque vive em outra cidade, outro estado, porque está em sua cama e não vive este horário maluco de jornalista. E como fazer para esvaziar tudo o que se acumulou durante o dia, durante a semana, quem sabe, durante meses, e que você está guardando no peito? Tem maluco que grita. Não gosto. Uma bebida ajudaria, mas o risco de virar um alcoólatra seria mais prejudicial do que o acúmulo de estresse. Então um choro parece ser uma grande opção. Homem não chora? Com o perdão do escrito, foda-se. Eu choro. E quando estou assim, precisando tirar peso dos ombros, fica muito mais fácil: uma boa música romântica (não pelo romantismo, mas pela sonoridade) ou com mensagem bacana já é suficiente; pode ser uma Adele, na vida, que o significado pouco me importa, mas que tem um som tão agradável ao ouvido, que me faz viajar; pode ser a Fafá, cantando Pai; pode ser uma cena de filme; podem rolar de rir, a despedida da Hebe, quando saiu do SBT (parece bobagem, mas é uma das maiores demonstrações de amor a uma empresa e zelo muito por isto); pode ser Zezé e Luciano, no Dia em Que Sai de Casa, porque aí lembro de minha mãe, que é a pessoa que mais faz sentir-me especial. Pode ser o Hino Nacional, que ganhou vida na interpretação de Fafá de Belém. O que ganha relevância é o resultado que consigo ao ouvir esta cantoria: choro. E não é aquela situação discreta e poética, que faz uma lágrima escorrer pelo rosto; choro copiosamente, como criança. Então estou pronto para deitar e curtir o sono, que deve bater a porta da minh'alma, dizendo que é hora de relaxar o corpo, porque o espírito já está leve.
E se você é tão macho para não chorar, é porque nunca foi homem suficiente para se entregar para si e se conhecer por dentro.

Comentários

Daniel Vieira disse…
Caro blogueiro Márcio, tudo bem contigo? Aqui quem redige essa missiva é uma pessoa que tu não conhece - mas eu não faço parte da família Souza - porém sou amigo das tuas primas Gabriele e da Thais.
Não contive a curiosidade de poder ler esta postagem e lhe digo que tens absoluta razão no seu pensar.
Eu já fui homem de chorar copiosamente, mas era por coisas banais(ao meu ver)que ao longo dos anos foram me deixando cada vez mais forte. Agora vivo em uma fase que chorar só é válido por motivos que calham realmente a pena, uma vez que por conta de um período de dois anos e meio vivendo uma situação afetiva definitivamente complicada e aparentemente sem solução, então decidi por continuar meu caminho solitário porém soberano como um vôo de uma águia.
Se quiser saber mais detalhes dessa história, acesse meu blog:

http://cavaleirodaliberdadepoetica.blogspot.com.br/

Um grande abraço e muito sucesso.