Não sei perder as pessoas

Todos temos nossas deficiências. O primeiro passo é reconhece-las, acreditar que não somos perfeitos e, por isto, precisamos dos outros. Tenho uma deficiência, bastante grande, que é não saber perder as pessoas. Quero todas, comigo, sempre. Sei, e consigo entender, que a nossa única certeza é a morte, mas não consigo aceitá-la como uma consequência natural a que estamos predispostos a partir do momento em que viemos ao mundo. A cada amigo, familiar, conhecido, ou pessoa qualquer por quem tenho certo sentimento, que deixa este plano me abala, me faz questionar, me cria uma série de interrogações na mente para tentar entender e suprir aquela ausência. Agora, algo está me remoendo, me deixando todo cheio de dúvidas e com uma saudade de alguém que vi bem poucas vezes nos 32 anos que tinha. Falo do meu primo Marcelo. O pouco que conhecia desta figura, apesar de ser familiar e morar a pouco mais de 100km de onde estou, me possibilitou fazer uma imagem de alguém que gosta de reunir a família, que tem bom coração, que ama a vida e os seus. E tudo isto ficou suprimido na triste imagem - que não vi - de um homem encontrado em um terreno, sem uma orelho, possivelmente atingido por um tiro. A vontade de viver, de reunir a família, de ser alguém na vida, ficou lá. Permanecem nossos sentimentos pelo Marcelo, que deixa de estar entre nós, fisicamente, mas que ficará para sempre nos bons exemplos e na certeza de que ele estaria lutando sempre enquanto estivesse vivendo.

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