Quero não pensar

Tenho vontade de fazer coisas e não tenho coragem de fazê-las. Tenho coragem de fazer coisas, que não tenho vontade de fazer. Tenho saberes e sabores, que nem sei se os tenho ou se eles me têm. Tenho um monte de dúvidas, um bocado de certezas, e a capacidade de ter ideias - como diz o chefe Oswaldo Carlos, ideias de rádio, que surgem no momento. Na verdade, agora, me falta algo. Não sei o que é. Se soubesse talvez não dissesse, mas sei que falta. Há um vazio que não consigo explicar. Não é fome, porque acabo de comer um bom X; não é sede, porque acabo de tomar bons copos de Coca-Cola; não é a falta de um brilho extra, porque estou me embriagando com episódio dos Simpsons. Bobagem? Pode ser, mas quero poder ter um ócio inútil, que fique longe do criativo; quero não ter que parecer esperto; quero ser um pouco burro (talvez, na mente de alguns, um pouco mais burro); quero me deitar em uma rede, tomar uma cerveja e rir do nada, enquanto penso qualquer coisa sem importância, ou nem pense. Será que seria capaz de não pensar nada? Quero ficar uma noite, pelo menos, assim. Não quero me preocupar com o amanhã; não quero ficar com receio do que pode acontecer daqui a pouco, quando acordar. Só hoje. Amanhã quero voltar a ser eu, um maluco pensador. Mas como diz a tal frase "Penso, logo existo".

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