Três batidas mas rápidas

O que esperamos de um grande amor? O que queremos em troca daquilo que oferecemos para as pessoas que dizemos que amamos? O plural não é incentivo à poligamia, mas uma demonstração de abrangência do amor, que não se trata apenas do sentimento que temos, como de homem para mulher, por exemplo. O questionamento vale para todo tipo de benquerer (se escreve assim, agora). Amamos, de forma incondicional, nossos pais, irmãos, amigos, enfim, nosso leque é bastante abrangente. Mas a questão nem é quantitativa. O importante, mesmo, é a qualidade, o andamento e o resultado. Ao que nos propomos e o que esperamos deste amor?
Não raras vez, em especial quando somos adolescentes, condicionamos o amor dos pais ao que eles podem nos oferecer para nos creditar mais status. A calça da marca, o óculos da moda, a carteira e o carro, quando chegamos à maioridade, enfim, ama mais aquele que oferece mais. Quando os pais são separados, então, fica muito perceptível o interesse dos filhos. É lógico que, no fim das contas, os jovens amam seus pais, mas acabam criando certas condições para demonstração deste sentimento. Da mesma forma, os pais, quando ficam velhinhos, caracterizam amor de filho pelo tempo que passa consigo. Não só os envolvidos pensam assim. Os vizinhos, os outros velhinhos, pensam: "Aqueles filhos não gostam dos pais, pois não estão com eles toda hora".
A verdade é que ninguém sabe o que se passa dentro do coração dos seres humanos. E o certo, se é que existe, é que a felicidade daqueles que amamos seja a maior recompensa que temos por amar. O maior exemplo disto são os pais do menino Lazaro, que foi destaque nesta semana no jornal O Informativo (http://goo.gl/HJvMQ). O garoto, de quatro anos, tem uma doença de cura desconhecida, vive na UTI do hospital desde quando tinha pouco mais de um ano de vida. Agora, corre o risco de perder seu espaço, porque a UTI deve fechar, atendendo às determinações burocráticas de entidades da área da saúde. Mas o que isto tem a ver com o amor e o que esperamos em troca? Pois bem, William e Camila, evidentemente, amam seu filho, e demonstram isto pela força que fazem para mantê-lo confortável, o visitam diariamente, mesmo que não tenham como resposta um abraço, uma lista de palavras de carinho. Para eles, de acordo com a matéria, a aceleração nas batidas cardíacas chega. "Aumentou de 109 para 112, quando chegamos, viu?", diz a mãe. Três batidas a mais no coração de um filho servem de compensação para o amor desta mãe. Ela sente, assim, que ele também fica feliz por estar com eles, que sente a presença dos pais, e que agradece por tudo o que estão fazendo.
São três batidas que valem por muitos abraços, beijos e demonstrações de carinho. Três batidas que valem todos os presentes que poderiam receber, que valem a vida que eles têm e a que geraram. Santas e duradouras três batidas a mais no coração.

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