Os medos

Onde está escrito que o cara tem que ser do tipo que se possa dizer: "Este é corajoso!"? Como diz Lênio Fregapani, não há problema em preferir ser um covarde vivo do que um herói morto. Seria muita covardia se reservar ao direito de evitar coisas que podem, de alguma forma, machucar? Não há motivos para se atirar de paraquedas, enfrentar um bungee jump, dar ponta de uma cachoeira - sem saber o que espera, lá embaixo -, praticar luta contra criaturas como os astros do UFC. Nada contra quem faz, mas os pés bem acomodados no chão, mesmo que descalços, fazem parte de uma pintura de vida interessante.
Pode-se dizer, assim, que não foi vivido o ápice da adrenalina. Mas quem disse que é preciso? E não se trata de conformismo exacerbado; apenas uma forma de entender a vida com pouco mais de  tranquilidade, em que os medos são vencidos aos poucos, assim como os projetos são formatados para atender as necessidades e dar um passo adiante. É assim que se desenha o futuro: vivendo o presente, vencendo os medos do passado e firmando o pé no amanhã.
Derrubar a timidez; subir ao palco com o microfone e comandar uma multidão; encarar a lente de uma câmera de televisão; remar, à noite, sobre uma prancha no mar; caminhar sobre os trilhos do V13, olhar para baixo e fazer aquela foto que vai deixar todo mundo afim de dar um like; dar um beijo na pessoa e se sentir protegido como se tivesse em uma cúpula, e o melhor, ter coragem para dizer isto... A vida já foi de medos menores ou maiores, mas nunca de tanta coragem.

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