Nossas façanhas não servem de modelo

Estamos na Semana Farroupilha, uma época em que o gaúcho redobra o orgulho de toda a sua história, sobretudo, de sua inquietude que acabou motivando a Revolução Farroupilha. Não faltam, de fato, motivos para este povo aguerrido sentir-se especial, diferenciado. 
Mas isto não significa que podemos ficar vivendo apenas do orgulho dos antepassados. É o momento de pensarmos o que estamos fazendo para que nossos descendentes tenham a mesma sensação em relação à geração atual. Claro que a época é outra, que não precisamos montar uma guerra, mas há muitas batalhas que podem ser vencidas na atualidade. 
A nossa característica sempre foi de um povo um pouco esnobe, porque nossos indicadores sociais e econômicos eram melhores do que a maior parte do restante do Brasil. Tínhamos a melhor educação, uma economia estável, um povo que não se cansa de trabalhar e produzir. Atualmente, o estado, como ente público, não se sustenta; a educação depende de abnegados professores, porque a estrutura está definhando; os números mostram que chegamos ao fundo do poço. 
Nossas façanhas, como diz o hino Rio-grandense, não podem servir de modelo à ninguém. Claro que, como também diz uma música gaúcha, "não podemos se entregar pro homens, ... Não tá morto que luta e quem peleia". É nos momentos difíceis que devemos criar o sentimento de união, reagir, sem uma nova Guerra dos Farrapos, mas com ações que possam fazer o RS voltar a ser o grande estado, que se orgulha do seu povo e que é idolatrado por ele, ao ponto de ser chamado Pátria Gaúcha. 
Sigamos, então, o farol da divindade para sairmos deste mar revolto e pisarmos em terra firme e fértil, porque temos um grande e merecedor povo, que não se furta a entrar em quaisquer que sejam as guerras, em nome do seu torrão. O momento não é bom, mas há como mudar este rumo. Está nas mãos de cada gaúcho fazer diferente, fazer mais e melhor.

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