1910 lágrimas de dor

Li, no decorrer da pandemia, que viraríamos pessoas melhores, que teríamos mais humanidade, seríamos mais empáticos, conseguiríamos pensar mais no coletivo do que no nosso umbigo. A pandemia completa um ano, no Brasil. Famílias enterraram 1910 entes queridos somente nesta quarta-feira, 3 de março de 2021. Enquanto isso, aqueles que eram para estar melhores estão digladiam nas redes sociais, e até nas ruas, distribuindo culpa, condenando políticos, dando tiro de raiva para todos os lados,  geral, baseados nas mais infundadas mentiras.
Choro. Choro pela humanidade desumana; choro por pensar que neste ano perdemos muita gente: 1910 em um só dia; choro, por que sei que muitos outros 1910 vão passar por isto hoje ou amanhã; choro, porque vejo parte do mundo agindo diferente; choro, porque desisti de acreditar nos humanos. Vejo muitos cristãos agirem com as características difundidas por Lucifer, vejo que importa mais o eu do que o nós, vejo a cegueira coletiva, que insiste em questionar a ciência e prefere se abraçar ao discurso populista de um ou outro político.
E enquanto eles, os políticos, ficam com briguinha de beleza, pensando na eleição de 2022, vejo 1910 famílias perderem Marias, Joãos, Enzos, Eduardas, Marcios, Valentinas,... E uma infinidade de ignorantes mais preocupada em atacar; vejo os profissionais da saúde esgotados, filhos ficando órfãos e pais perdendo filhos, vejo 1910 adeus, de forma rápida e fria, porque outros tantos milhões insistem em pensar em um só: em si.
Não é o fim da raça humana, mas certamente, é o fim da humanidade. 

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