Na semana das mães, perdemos Dona Hermínia


 O Brasil já perdeu mais de 410 mil pessoas para a Covid-19. O país chora, porque, certamente, todos tiveram algum familiar ou conhecem alguém que está nessa triste lista. Nesta semana, uma das mortes foi emblemática. Não é maior, nem menor do que as outras, porque para isto não há métrica. Mas é um caso diferenciado. 

Na semana do Dia das Mães, o Brasil ficou órfão de Dona Hermínia. Não era o único personagem do artista Paulo Gustavo (42 anos). Era, porém, o mais conhecido, aquele com que o público se identifica, a mãezona que briga por seus filhos, que briga com seus filhos, que batalha para conseguir manter a família unida, que muitas vezes vê os filhos seguindo o caminho e a casa, que era cheia, fica vazia. 

Dona Hermínia fez muita gente rir - me fez ir duas vezes ao cinema para ver o mesmo filme -, mobilizou filhos e mães, mostrou a mulher com sentimento, empoderada, que chora, que encara até alguns de seus preconceitos e os vence pelo bem melhor daqueles que são seus maiores amores: os filhos. 

Dona Hermínia e Paulo Gustavo cumpriram muito mais do que seu papel. Ela nos fez ver a vida de um jeito mais sincero, maluco, corajoso, evidenciou o que nem sempre percebemos, por mais que esteja tão evidente, tão explícito: a relação familiar, em meio aos seus perrengues, tem tudo para ser especial; Paulo Gustavo nos mostrou que todo amor é lindo, que as crianças precisam da carinho, que o preconceito é um câncer na sociedade, e que, por mais difícil que seja a batalha, não é possível desistir. Claro, chegará o dia em que perderemos a guerra para o tempo, mas ficará o legado, e este ninguém apaga.

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