Um maluco beleza

- Não ande com aquela gente, porque é muito louca. - diz a mãe do menino para espantá-lo do povo mais ousado, que faz a maior farra na rua, enquanto a chuva cai.
A loucura é algo relativo na sociedade. Pessoas são qualificadas como insanas desde sempre. E isso vale para quem tem algum distúrbio neurológico até quem faz as coisas de um jeito pouco convencional.
Talvez o banho de chuva, talvez o andar nu em uma praia, talvez o dar risada em alto volume em meio aos quietos, sejam atitudes tidas como reflexos da loucura humana. Mas quem são os certos, se é que há um método para medir o nível de lucidez a partir das atitudes?
Para o que usa terno e gravata todos os dias, senta em sua cadeira, atrás da mesa, postado como se fosse uma estátua, a sua posição é a correta, afinal se aproxima muito do que a sociedade considera um padrão. Agora, aquele com a calça rasgada, alargador na orelha, que nem sala usa para resolver seus problemas, parece ser diferente do que é esperado, parece maluco.
Será? Será que o engravatado, com toda a sua sanidade, não seria o cara a apertar o botão de uma bomba nuclear e matar milhares de pessoas? Ou o de calça rasgada não seria um Nero, capaz de atear fogo em Roma?
Avaliar o nível de loucura das pessoas por suas roupas, seu perfil, é preconceito. Agora, o certo é que devemos ter muito de louco para ir além do esperado, para pensar diferente, para ter coragem de dar respostas que os certos não dariam, para apertar o foda-se, para ser um pouco mais, como dizia Raul Seixas,  maluco beleza.
Os certos podem estar certos, mas eu prefiro ser o louco, errado e feliz.

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