A mídia só mostra desgraça ou o público só quer desgraça

A mídia é atacada de todas as formas. Uma delas se refere à qualidade, ou possível falta de qualidade, do que é apresentado, sobretudo, quando se trata de TV aberta. Eis um dilema que pode ter sua solução demonstrada de forma prática, nestes últimos dias. 
Todos sabem que a TV Record vem conseguindo bons índices de audiência, brigando com o SBT pelo segundo lugar na preferência do público e até conseguindo a consolidação, nesta posição, na maior parte do dia. Mais recentemente, no entanto, a briga passou a ser com Globo, e pelo primeiro lugar. Houve dia em que a emissora do bispo Edir Macedo ficou seis horas à frente da TV dos Marinho. 
Quem parte para o lado político dirá que a Globo está em queda de audiência, de rentabilidade e que estaria quebrada. Mas a verdade é que a Record conseguiu esse feito por um único motivo. Explorou como poucos a desgraça humana. Cobriu o caso Lázaro Barbosa e foi além de apenas anunciar a sua prisão ou morte. Aproveitou-se da vontade do público de vingança, de ver o escárnio, de acompanhar o que há de ruim na sociedade. 
Mas você pode dizer que os números foram uma tendência da audiência migrar para essa emissora. Ledo engano. Passado o caso Lázaro, a audiência voltou à normalidade, e a Record volta a disputar com o SBT o segundo lugar, ganhando vantagem, porque Silvio Santos parece não querer que o público fidelize sua programação. 
O caso Lázaro serviu para evidenciar que não é a mídia que mostra o lado ruim da sociedade. É a sociedade que quer ver seu lado ruim. A mídia acaba, então, atendendo esse desejo por sangue e dor - alheios, claro - de um povo doente e cruel.

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