Homofobia não é brincadeira, nem mimimi

As sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Covid, no Senado, têm sido polêmicas pelo assunto que pauta as investigações dos congressistas. Mais do que a simples investigação sobre o posicionamento do governo federal e o investimento dos recursos alocados para o problema, tornou-se um ringue para luta entre apoiadores e oposicionistas ao presidente Jair Bolsonaro. Até aí, nada de anormal. Estamos em um ano pré-eleitoral e a tendência é que, em Brasília, tudo vire palanque para caçadores de votos de todos os lados. Nesta quinta-feira, 30, no entanto, um discurso marcou pelo tom emotivo e, claro, pelo conteúdo. O senador Fabiano Contarato (em foto de Walter Barreto/Agência Senado), no início da oitiva com o empresário Otávio Fakhoury, manifestou sua insatisfação e o sofrimento que lhe causou postagem do depoente em rede social. Fakhoury escreveu: "O delegado [Contarato], homossexual assumido, talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário... Quem será o 'perfumado' que lhe cativou?" Contarato tem marido e filhos e sentiu-se machucado com o ataque. Queixou-se, ganhou apoio dos demais senadores, e encaminhou a questão para investigação do Ministério Público Federal com base na lei contra homofobia. "O senhor diz que respeita a família, que é um homem de família, mas a sua família não é melhor do que a minha", frisou. Fakhoury, percebendo a bobagem que havia feito, pediu desculpas ao senador e a quem possa ter se sentido ofendido. Acrescentou, na forma mais rasa e tosca de se mostrar sem preconceito, o fato de que tem conhecidos homossexuais. Encerrou dizendo se tratar de uma brincadeira. Não é brincadeira. É um ataque homofóbico, baixo e merece a atenção dos órgãos responsáveis. Pedir desculpas é importante, mas dizer que foi brincadeira só mostra o nível do depoente. Brincadeiras fazem gremistas e colorados, quando o adversário perde e existe a zoação; brincadeira é a zoada, quando em erro de digitação se quer dizer uma coisa e diz outra de baixo calão, por exemplo. Quando se trata de orientação sexual, de credo, de cor, de classe social, não é brincadeira, nem mimimi. É PRECONCEITO! Tripudia quem defeca as palavras ofensivas; sofre quem é vítima do escárnio. Não dá para aceitar isso. E não se trata de reverberar um ataque verbal, que parece coisa pequena. Tudo começa com esse tipo de posicionamento, avoluma-se e acaba fazendo com que o Brasil seja o país que mais mata homossexuais no mundo, um país que se julga livre, democrático, plural e especial. O jornalista Daniel Adjuto apresentou, de forma excelente, opinião sobre esse caso em especial, no programa Live CNN, veiculado pela CNN Brasil. Veja no link a seguir: https://www.instagram.com/tv/CUc-DQrFjcz/?utm_medium=copy_link

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