Eles argumentam, e seus fiéis -- não digo eleitores, porque ignoram qualquer revés - aceitam que se trata de uma resposta ao Grupo Globo, sobre o qual ambos têm restrições e costumam fazer ataques. Ocorre que Bolsonaro e Lula estão dizendo "não" para outros debates e entrevistas.
Essa atitude é extremamente prejudicial ao processo eleitoral democrático. Nesse período eles deveriam aproveitar todas as oportunidades de apresentar ao público as suas propostas; deveriam usar as entrevistas, os debates, as rádios, os jornais, os comícios, as caminhadas, a internet, enfim, chegar de todas as formas no eleitor. É isso que garante a escolha do melhor caminho. Eles não querem.
A verdade é só uma: ambos se acadelaram. Estão com medo das perguntas, com receio de qualquer contrariedade ou de revelarem eventuais problemas de suas campanhas.
Bolsonaro tem medo de ser agressivo com que lhe questionar, não quer tratar sobre o aumento da fome e da pobreza, nem da lentidão na resposta à pandemia, nem do desmonte da Funai e Ibama, nem dos casos de corrupção, como no Ministério da Educação, nem das confusões de seus filhos e da falta de transparência, possibilitando a criação do orçamento secreto para calar o Legislativo.
Lula tem medo de ser questionado sobre o fato de ter sido preso, do mensalão, do petrolão, do fato de ter investido dinheiro público brasileiro em outros países, de ter seus principais aliados vinculados à corrupção, de questões como grandes obras inacabadas, do sítio de Atibaia, do triplex do Guarujá, prefere evitar o discurso mais à esquerda, que lhe atrai apoiadores, porque em seu governo os bancos tiveram uma safra boa de lucro.
Ambos não enfrentam a Globo, o que por si já seria uma idiotice; a idiotice que eles cometem é bem pior, é se esconder do povo. Querem continuar apenas discursando para adoradores, onde não existe contrariedade, apenas o "sim, senhor" e a bajulação.
Perde o povo, perde o processo democrático, não perdem eles, que continuam com discursos vergonhosamente populista.
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