Gourmetizaram os panfletos anônimos

Estamos em pleno período eleitoral. Candidatos correm contra o tempo para conseguir atrair os votos de milhões de brasileiros. Com eles, um batalhão de cabos eleitorais e pessoas responsáveis por disseminar, ainda mais, a ideia do postulante, de forma que a proposta seja convertida em votos. Durante essa correria, tentando reforçar seus intentos, muitas vezes, os candidatos caem na tentação de soltar algumas fake news - é claro que muitos fazem por interesse, de forma planejada ou com maldade. É fato, porém, que muitos cometem erros ao citarem números que, em geral, são inflados. Quem está no governo amplia para melhores condições, quem está fora amplia para piores. O termo utilizado para qualificar esses equívocos, intensionais ou não, é fake news. A utilização do inglês para uma ideia de atualidade, de que é algo recente, que passamos a nos deparar com informações falsas ou erradas, apenas no período de massificação da internet. Mas não é bem assim. Na época em que a publicidade em papel, os santinhos, tinha muito mais força do que a digital, as fake news bombavam. Demandavam, é claro, muito mais empenho dos seus autores e propagadores, porque havia a necessidade de falar mais vezes para que mais pessoas fossem atingidas. Hoje, basta uma publicação que ela dissemina. Não eram raros os casos dos panfletos anônimos. Na madrugada, enquanto os adversários dormiam, a equipe espalhava por toda a cidade material sobre determinado candidato, sem assinar a autoria. O conteúdo, por óbvio, era sempre depreciativo, com denúncias, alertas e ataques. Os panfleteiros humanos foram substituídos por robôs. A plataforma mudou. A prática ganhou nome chique e americanizado. O hábito, no entanto, ainda é o mesmo. É cruel! É ilegal! E a demonstração da falta de escrúpulos. Se isso é feito durante a campanha, imagine o que seus autores, ao conseguirem seu intento, farão.

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