O BRASIL DÁ ADEUS ÀS RITAS LEES

A cada pouco, Rita Lee aparecia com um novo corte de cabelo, com madeixas de cores diferenciadas, irreverentes, muito além do seu tempo. Trouxe diversão para a música brasileira, fez muito mais do que isso. Rita ensinou que “amor é livre, sexo é esporte, sexo é escolha, amor é sorte”. Nunca foi uma mulher que tivesse como característica o silêncio. Quando chegou o momento, gritou até para além do âmbito terreste. “Alô, alô, marciano! Aqui quem fala é da Terra. Pra variar, estamos em guerra”, alertou aos marcianos, que pudessem pensar em dar uma passada por aqui. Ousada, nunca furtou-se de dizer o que lhe atraia. “Meu bem você me dá água na boca, vestindo fantasias, tirando a roupa”. E amou. Amou como poucos, mesmo não morrendo do coração: “Se por acaso morrer do coração é sinal de que eu amei demais”. Amou e divertiu-se, tanto no “escurinho do cinema, chupando drops de anis”, quanto nas festas chamando e orientando como dançar: “baila comigo, como se baila na tribo”. Mas não foi só festa, a mulher Rita Lee marcou a presença feminina na música, garantiu seu lugar no meio de roqueiros. E, antes de suspenderem os jardins da Babilônia, colocou as asas de fora, porque sabe que “sexo frágil não foge à luta e nem só de cama vive a mulher”. Rita Lee nos deixou nessa segunda-feira, 8 de maio de 2023. Soube parar no momento certo! Foi intensa, foi presente e, se houve exagero, antecipou-se: “desculpe o auê! Eu não queria magoar você”.

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