
Marcio Souza - Quando criança, você se interessou direto pela natação ou tentou algum outro esporte? Cesar Cielo - Eu lutava judô quando era criança. Mas como era alto, tinha de lutar numa categoria acima da minha. Perdia dos meninos mais velhos e não gostava. Mudei para a natação e só continuei a nadar porque estava ganhando. Minha primeira conquista veio aos 8 anos, nadando num festival do clube Barbarense. Fiz 25 metros em 18 ou 19 segundos, mas o que me inspirou a continuar foi chegar em primeiro.
Marcio Souza - Qual teu ídolo? Cesar Cielo - Gustavo Borges e Alexander Popov.
Marcio Souza - Até quando (idade) dura a carreira de um nadador? Tem quais perspectivas para depois? Cesar Cielo - Quero nadar, quem sabe, até a Olimpíada de 2016. Depois que eu acabar os meus estudos (cursa Comércio Exterior, com especialidade em língua espanhola na Universidade de Auburn) vou pensar no que fazer. Mas no momento o foco é mesmo a natação e no futuro próximo também.
Marcio Souza - Qual a maior dificuldade para um atleta brasileiro, que não faz o tão alardeado futebol? Cesar Cielo - O Brasil precisa de uma política de esportes para valer. Acho excelente iniciativas como bolsa-atleta ou outras que façam o dinheiro chegar até o esportista que está começando, é um talento, mas ainda precisa de recursos para crescer. O esporte brasileiro ainda é carente de recursos e esse dinheiro tem de chegar até o atleta, principalmente até a molecada de 15, 16 anos, que precisa estudar e treinar, no caso da natação e acho que de outros esportes também. Não há uma estrutura que junte esporte e estudos, como a das universidades norte-americanas. Desenvolvimento esportivo significa treino na piscina, musculação, trabalhos de biomecânica, descanso, alimentação, psicologia, estudos, competição, viagens... Tudo isso custa muito. O esporte é caro. É importante pensar em beneficiar o atleta se o país quiser resultados e espera que o esporte tenha uma função social. No Brasil, acho que os esportes com bola, como o futebol e o vôlei, ainda têm um pouco mais de dinheiro. Mas esportes individuais, como o atletismo e a natação, que exigem uma dedicação enorme, ainda sentem a necessidade de muito apoio.

(As fotos são do site oficial do atleta)
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